terça-feira, 23 de abril de 2013

Vinnicius Morais - nosso doce dramaturgo


Considero que entrei na área quando ingressei na faculdade, aos 17 anos. Foi lá que conheci a maioria dos artistas com quem trabalhei, e pude experimentar-me bastante como autor, diretor e ator de teatro. 

Depois da Escola de Teatro, me pós-graduei em Roteiros para Tv e Vídeo na Unijorge, pois o audiovisual sempre foi minha outra grande paixão, mais especificamente a televisão. Sou conhecido no meio teatral como um cara de “linguagem televisiva” e tenho o maior orgulho disto. Eu preferia poder usar essa tal linguagem televisiva na televisão mesmo, na teledramaturgia local – mas, enfim, né. Pena que ela não existe.

Cada trabalho meu, cada um com sua peculiaridade, foi um mais desafiador que o outro. Com minha peça de formatura, a comédia Cama, Mesa e Banho, tive o desafio de pôr em cartaz, pela primeira vez em Salvador, o primeiro espetáculo restaurantes, com cinco atores envolvidos numa história com começo, meio e fim. Foi um sucesso, tanto que até hoje, todos os anos, a peça faz alguma temporada e vários eventos, graças à sua praticidade e pela grande diversão que é, não só para a plateia, mas também para os atores.



Em 2005 foi montada em São Paulo minha comédia Kabum!. Fiquei tão encantado com a cidade que em 2007 passei uns meses morando lá, cheguei a escrever esquetes para Os Cretinos, um grupo de comédia paulistano, mas voltei para enfrentar um super desafio: criar com Carolina Kahro o espetáculo Grand Thêàtre: Pão e Circo. Quando cheguei a Salvador, Carol tinha uma pauta para a Sala do Coro em novembro, era agosto e tudo o que ela tinha eram anos de pesquisa em torno do projeto, mas ainda não havia nem dramaturgia. Colei com ela e com Clara Ribeiro (diretora de arte) nesses dois meses para levantar o espetáculo, que foi premiado no ano seguinte na categoria melhor atriz. 




Em 2008, aconteceu o que eu mais almejava desde minha adolescência, quando, com treze anos de idade, assisti a A Bofetada no antigo Teatro Maria Bethânia: entrar na Cia. Baiana de Patifaria. Lelo Filho me convidou para escrever com ele Siricotico – Uma Comédia do Balacobaco, pois desde 1994 a Cia. não montava um espetáculo cômico inédito. Olha, foi tão prazeroso escrever Siricotico com Lelo que nem senti o desafio! Na montagem, também fui assistente de direção de Fernanda Paquelet, que soube recriar conosco o texto de uma forma tão respeitosa e criativa, que admiro muito. A sequência final de Siricotico, por exemplo, que é literalmente um siricotico só, surgiu a partir de uma inquietação de Fernanda e nos levou a criar o divertido resultado que se vê em cena.



O seriado Pulo do Gato foi um desafio danado! Eu e Alan inventamos de criar às pressas, em parceria com A Ilha Filmes, o projeto para participar de um edital do Minc, concorrendo com centenas de projetos do país inteiro, e de repente, éramos dois “meninos amarelos da barriga grande” representando o Norte-Nordeste entre os oito classificados. Passamos por uma consultoria diária com grandes roteiristas que escrevem seriados para a Fox do Brasil durante seis meses, o que resultou no projeto completo de um seriado de treze episódios passado no bairro da Ribeira, e a gravação do episódio-piloto – cem por cento produzido por profissionais locais. 

Em 2010 ganhei um edital de dramaturgia pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, que me possibilitou escrever a peça juvenil Por que a gente é assim?. Agora preciso ganhar um edital para montar a peça! Rsrs

Mais recentemente, tive o desafio e o prazer de escrever e dirigir com Alan Miranda e o professor Ricardo Carvalho a peça SMS – Saga da Memória Soteropolitana, que esteve em cartaz no Cine Cena Itaigara, um espaço cultural que considero ter sido de extrema importância numa cidade que tem poucos teatros e foi o primeiro a funcionar dentro de um shopping center. SMS é um espetáculo juvenil que mistura comédia, romance, aventura, dança, História da Bahia e interatividade, pois a plateia participa enviando torpedos sms. Fizemos uma audição para a escolha dos sete atores, foram 150 inscritos, a peça foi criada durante o processo de ensaio. Escrever e dirigir a peça ao mesmo tempo foi uma loucura! Senti-me como se fosse autor de novela: todo mundo curioso para saber o que aconteceria com seus personagens na cena seguinte. A última cena foi escrita e ensaiada na semana da estreia, pense aí...


Ano passado criei para o projeto Entrelinhas do Tabuleiro das Segundas a peça Dias de Saramandaia, uma homenagem ao dramaturgo Dias Gomes tão bem  sucedida em sua única apresentação, que agora está sendo produzida pela Arteiros Produções para entrar em cartaz.

Minha próxima estreia no teatro será em maio de 2013 com o Solo Almodóvar, da atriz Simone Brault, direção de Djalma Thürler, graças ao Edital de Culturas Identitárias da FUNCEB de 2012, através do qual mergulhei no universo das travestis sob o olhar estético das obras do cineasta Pedro Almodóvar.



E tive o orgulho de ver algumas cenas da minha coletânea O que é que a Bahia tem?, que este ano virou um e-book, serem encenadas nas duas primeiras montagens da Xantili Cia. de ComédiaXantili – Uma Comédia Bolo Doido e Caminhão – Uma Comédia Vida Loka.





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