Considero que entrei na área quando ingressei na faculdade, aos 17
anos. Foi lá que conheci a maioria dos artistas com quem trabalhei, e pude
experimentar-me bastante como autor, diretor e ator de teatro.
Depois da Escola de Teatro, me pós-graduei em Roteiros para Tv e Vídeo na Unijorge, pois o audiovisual sempre foi
minha outra grande paixão, mais especificamente a televisão. Sou conhecido no
meio teatral como um cara de “linguagem televisiva” e tenho o maior orgulho
disto. Eu preferia poder usar essa tal linguagem televisiva na televisão mesmo,
na teledramaturgia local – mas, enfim, né. Pena que ela não existe.
Cada trabalho meu, cada um com sua
peculiaridade, foi um mais desafiador que o outro. Com minha peça de formatura,
a comédia Cama, Mesa e Banho, tive o
desafio de pôr em cartaz, pela primeira vez em Salvador, o primeiro espetáculo
restaurantes, com cinco atores envolvidos numa história com começo, meio e fim.
Foi um sucesso, tanto que até hoje, todos os anos, a peça faz alguma temporada
e vários eventos, graças à sua praticidade e pela grande diversão que é, não só
para a plateia, mas também para os atores.
Em 2005 foi montada em São Paulo minha
comédia Kabum!. Fiquei tão encantado
com a cidade que em 2007 passei uns meses morando lá, cheguei a escrever
esquetes para Os Cretinos, um grupo
de comédia paulistano, mas voltei para enfrentar um super desafio: criar com
Carolina Kahro o espetáculo Grand
Thêàtre: Pão e Circo. Quando cheguei a Salvador, Carol tinha uma pauta para
a Sala do Coro em novembro, era agosto e tudo o que ela tinha eram anos de
pesquisa em torno do projeto, mas ainda não havia nem dramaturgia. Colei com
ela e com Clara Ribeiro (diretora de arte) nesses dois meses para levantar o
espetáculo, que foi premiado no ano seguinte na categoria melhor atriz.
Em 2008, aconteceu o que eu mais almejava desde
minha adolescência, quando, com treze anos de idade, assisti a A Bofetada no antigo Teatro Maria
Bethânia: entrar na Cia. Baiana de Patifaria. Lelo Filho me convidou para escrever com ele Siricotico – Uma Comédia do Balacobaco,
pois desde 1994 a Cia. não montava um espetáculo cômico inédito. Olha, foi tão prazeroso escrever Siricotico com Lelo que nem senti o desafio! Na montagem, também fui assistente de direção de
Fernanda Paquelet, que soube recriar conosco o texto de uma forma tão
respeitosa e criativa, que admiro muito. A sequência final de Siricotico, por
exemplo, que é literalmente um siricotico só, surgiu a partir de uma
inquietação de Fernanda e nos levou a criar o divertido resultado que se vê em
cena.
O seriado Pulo do Gato foi um desafio danado! Eu e Alan inventamos de criar
às pressas, em parceria com A Ilha
Filmes, o projeto para participar de um edital do Minc, concorrendo com centenas de projetos do país
inteiro, e de repente, éramos dois “meninos amarelos da barriga grande”
representando o Norte-Nordeste entre os oito classificados. Passamos por uma
consultoria diária com grandes roteiristas que escrevem seriados para a Fox do Brasil durante seis meses, o que
resultou no projeto completo de um
seriado de treze episódios passado no bairro da Ribeira, e a gravação do
episódio-piloto – cem por cento produzido por profissionais locais.
Em 2010 ganhei um edital de dramaturgia pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, que me possibilitou escrever a peça juvenil Por que a gente é assim?. Agora preciso ganhar um edital para montar a peça! Rsrs
Mais recentemente, tive o desafio e o
prazer de escrever e dirigir com Alan Miranda e o professor Ricardo Carvalho a
peça SMS – Saga da Memória
Soteropolitana, que esteve em cartaz no Cine Cena Itaigara, um espaço cultural que considero ter sido de
extrema importância numa cidade que tem poucos teatros e foi o primeiro a
funcionar dentro de um shopping center. SMS é um espetáculo juvenil que mistura
comédia, romance, aventura, dança, História da Bahia e interatividade, pois a
plateia participa enviando torpedos sms.
Fizemos uma audição para a escolha dos sete atores, foram 150 inscritos, a peça
foi criada durante o processo de ensaio. Escrever e dirigir a peça ao mesmo
tempo foi uma loucura! Senti-me como se fosse autor de novela: todo mundo
curioso para saber o que aconteceria com seus personagens na cena seguinte. A
última cena foi escrita e ensaiada na semana da estreia, pense aí...
Ano passado criei para o projeto Entrelinhas do Tabuleiro das Segundas a
peça Dias de Saramandaia, uma
homenagem ao dramaturgo Dias Gomes
tão bem sucedida em sua única apresentação, que agora está sendo produzida pela Arteiros Produções para entrar em
cartaz.
Minha próxima estreia no teatro será em maio de 2013 com o Solo Almodóvar, da atriz Simone Brault,
direção de Djalma Thürler, graças ao Edital
de Culturas Identitárias da FUNCEB de 2012, através do qual mergulhei no
universo das travestis sob o olhar estético das obras do cineasta Pedro
Almodóvar.
E tive o orgulho de ver algumas cenas da minha coletânea O que é que a Bahia tem?, que este ano virou um e-book, serem encenadas nas duas primeiras montagens da Xantili Cia. de Comédia: Xantili – Uma Comédia Bolo Doido e Caminhão – Uma Comédia Vida Loka.
Obrigado, Alé!!!
ResponderExcluirEu que agradeço você sempre conosco de alguma forma!
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